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Parte III (1944-1952)

A formação do Expresso da Vitoria

Corria o inicio da decada de 40 e parecia que a implacavel "praga do Arubinha", de 12 anos sem titulos, estava se cumprindo. Chegaram ate' a revolver o gramado de Sao Januario, mas o tal sapo com a boca costurada que, dizia-se, Arubinha havia enterrado, nunca foi encontrado. Finalmente, os dirigentes do Vasco, comandados pelo presidente Ciro Aranha, desistiram de procurar o sapo :-) e resolveram partir para uma serie de contratacoes que iniciaram a fase mais brilhante da historia do Vasco, em termos de conquistas. Primeiramente, foi contratado um novo tecnico de experiencia internacional, o uruguaio Ondino Viera, e entao feita uma renovacao no plantel de jogadores. Varios jogadores jovens, talentosos e ainda por se consagrar foram adquiridos. Do Sao Cristovao veio Augusto, que seria o capitao do time e da selecao brasileira de 1950, com sua grande capacidade de lideranca e espirito de equipe. Do Canto do Rio veio Eli; Do America, o "principe" Danilo; Do Madureira, o trio atacante conhecido como os "Tres Patetas", Lele', Isaias e Jair; Do Sport Recife, Ademir; E assim por diante.

O gol de Valido.

Em 1944, depois de vencer os Torneio Municipal e Relampago, que funcionavam como aperitivo para o campeonato carioca, o Vasco chegou ao ultimo jogo do campeonato na lideranca ao lado do Flamengo, que lutava pelo tricampeonato. O jogo, exatamente contra o Flamengo, no estadio da Gavea, foi decidido no finzinho do segundo tempo a favor do time da casa, com um gol de cabeca do ponta Valido, muito contestado ate' hoje. Todos os vascainos presentes na Gavea naquela tarde juram que viram Valido se apoiar nas costas do half esquerdo Argemiro ao cabecear. Ja' os rubronegros unanimemente juram que nao viram tal fato. Exceto o compositor e speaker Ary Barroso, que aos berros lamentava que o tento nao tivesse ainda por cima sido marcado com a mao.

Nas semanas apos a partida, filas enormes se formaram no Cineac-Trianon, um cinema no centro da cidade, para assistir a um trecho de filme que mostrava o lance que resultou no gol de Valido. Mas o filme era tao tremido e fora de foco que dava margem a todo tipo de interpretacao, e assim ninguem mudou de opiniao.

Recentemente, o radialista Luiz Mendes, cuja idoneidade esta' acima de qualquer questionamento, revelou no seu livro 7 Mil Horas de Futebol (pag. 37) o seguinte fato:

Dizem ainda hoje que Valido se apoiou em Argemiro, half-esquerdo do Vasco. A foto mostra claramente Valido apoiando-se em cima de seu patricio Rafanelli, um grande zagueiro argentino que atuava pelo Vasco. Essa foto foi sempre muito escondida, principalmente por companheiros da chamada imprensa rubro-negra. Mas eu a tenho. Ve-se na foto o mundo de gente que foi `a Gavea e Valido cabeceando, apoiado em Rafanelli com Argemiro saltando um pouco atras, dai' a confusao.

Infelizmente a foto nao se encontra reproduzida no livro de Luiz Mendes. Seguindo o proverbio "antes tarde do que nunca", o consagrado radialista bem que poderia disponibilizar esta rarissima foto ao publico, e especialmente aos Web sites vascainos, para fins de divulgacao na Internet, para que assim todos possam conhecer a prova incontestavel de que o infame gol de Valido nao deveria ter valido.

Proezas do Expresso da Vitoria .

A perda do titulo de 1944 para o rival foi frustrante para os vascainos, mas o fato irreversivel e' que a semente do Expresso da Vitoria estava lancada. Em 1945 o Vasco ganhou de forma invicta o primeiro de uma serie de 5 campeonatos em 8 anos: 1945, 47, 49, 50 e 52, sendo que os de 1947 e 1949 tambem foram invictos. Nesse periodo o Vasco tambem conquistou o tetracampeonato do Torneio Municipal de 1944 a 1947 e dois Torneios Relampagos, em 1944 e 1946. Porem a maior proeza do Expresso foi a conquista invicta do Primeiro Campeonato Sul-Americano de Clubes Campeoes, em 1948, no Chile.

O Vasco era a base da selecao brasileira. Tantos craques tinha o Vasco, que muitas vezes o Expresso ia excursionar e permanecia a disputar as competicoes locais o Expressinho, formado por reservas, mas que mesmo assim frequentemente superava os adversarios. Todo ano o Vasco apresentava pelo menos uma nova atracao de renome. Dentre as muitas linhas atacantes do Expresso, qual foi a melhor? A linha de 1945, com Ademir (Djalma), Lele', Isaias, Jair e Chico? A de 1947, com Djalma, Maneca, Friaca (Dimas), Lele' (Ismael) e Chico? A de 1949, com Nestor, Maneca, Heleno, Ademir e Mario? Ou a de 1950, com Tesourinha (Alfredo), Maneca, Ademir, Ipojucan e Chico?

Estes ataques eram verdadeiras industrias de gols, nao raramente alcancando escores estapafurdios, sendo o maior deles um 14 a 1 sobre o Canto do Rio em 1947, que estabeleceu o recorde de maior goleada na fase profissionalista do futebol carioca.

As estrelas douradas na bandeira

OEm 1945, para eternizar as conquistas invictas dos campeonatos de remo e futebol do Rio de Janeiro, a bandeira do Vasco sofreria uma alteracao oficial, registrada no Artigo 7 do Estatuto do Clube:

Art. 7o. - O pavilhao do Clube e' preto, com uma faixa branca em diagonal partindo do canto superior do lado da tralha, a Cruz de Malta em vermelho no centro e, na parte superior, uma estrela dourada simbolizando a conquista dos Campeonatos Invictos de Mar e Terra no ano de 1945. As cores da bandeira e a Cruz de Malta serao reproduzidas nos uniformes, emblemas e insignias usadas pelo clube. Paragrafo unico - Consideram-se aprovados os moldes do pavilhao, flamula e emblema anexos ao presente Estatuto.

O Vasco viria a conquistar de maneira invicta o campeonato de futebol do Rio de Janeiro em outras tres oportunidades - 1947, 1949 e 1992. Em cada uma dessas ocasioes, mais uma estrela dourada foi adicionada a bandeira (nao houve efeito retroativo a 1924, quando o Vasco tambem foi campeao invicto).

Porem, a estrela relativa a 1945 permaneceu a unica estrela oficial por muito tempo. As de 1947 e 1949 nao eram reconhecidas no Estatuto, inclusive aquele que resultou das reformas aprovadas em 18 de outubro de 1967. Nao obstante, no inicio da decada de 90, o uniforme passou a exibir tres estrelas acima da Cruz de Malta e, depois do campeonato invicto de 1992, a quarta estrela foi acrescentada, tanto `a bandeira quanto ao uniforme.

Quando o Vasco conquistou o seu terceiro titulo brasileiro, uma quinta estrela foi acrescentada. Surgiu entao a explicacao de que as estrelas passaram a simbolizar o seguinte:

Bandeira Uma estrela pelos Campeonatos Invictos de Terra e Mar em 1945
Uma estrela pelo Campeonato Sul-Americano de 1948
Tres estrelas pelos Campeonatos Brasileiros de 1974, 1989 e 1997

A partir daí, a mania de adicionar estrelas nao parou mais:


Sexta estrela: Copa Libertadores de 1998
Setima estrela: Copa Mercosul de 2000
Oitava estrela: Campeonato Brasileiro de 2000

Tudo isso indica, provavelmente, que o Artigo 7 do Estatuto foi novamente reformado para que as estrelas adicionais fossem oficialmente adotadas (a ser pesquisado).

Ademir, Flavio Costa e a "diagonal"

Em 1946, o Vasco achou que podia se dar ao luxo de vender Ademir para o Fluminense por possuir atacantes demais, mas acabou pagando caro por isso. Com Ademir o Fluminense foi campeao. Porem, no inicio de 48, o "Queixada" estava de volta ao Vasco, e tornou-se o maior artilheiro da historia do clube... até ser superado por Roberto Dinamite varias decadas mais tarde.

Nessa epoca o tecnico do Vasco ja' era Flavio Costa, que havia dirigido o Flamengo naquela decisao de 1944. Flavio Costa criou um novo sistema de jogo, o qual denominou de "diagonal", que na verdade nao passava de um WM torto, com a numeracao modificada e com um dos angulos inferiores do "W" atacante mais avancado. Este papel do ponta de lanca vindo de tras, penetrando em alta velocidade para aproveitar os lancamentos, caiu sob medida para Ademir, que, entre outras qualidades, era insuperavel no pique com a bola sob controle (chamado na epoca de "rush") e infalivel nas conclusoes.

A diagonal representou uma revolucao no taticamente atrasado futebol brasileiro, cujos clubes sem excecao utilizavam uma mistura de 2-3-5 com WM que poderia ser descrito como WW e, assim como a selecao, viviam apanhando dos seus similares platinos, muitas vezes por goleada. Esta rotina comecou a mudar em 1948

Campeao Sul-Americano de Clubes Campeões

Corria o ano de 1948, quando nao havia ainda a Copa Libertadores, quando o Vasco foi convidado a disputar o I Campeonato Sul-Americano de Clubes Campeoes, no Chile. Participaram os campeoes de sete paises do continente, jogando num turno unico, todos contra todos, contando pontos corridos. Pois o Vasco trouxe o caneco, mais uma vez invicto para nao perder o costume, mesmo tendo contra si arbitragens tendenciosas e o desfalque de Ademir, que sofreu uma fratura no pe' logo no inicio do torneio. Na final dramatica contra o River Plate - "la Maquina", como era conhecido na Argentina - um empate sem abertura de contagem garantiu o titulo do Vasco.

Esta conquista, a mais significativa do Expresso da Vitoria, é tembem um marco historico por ter sido o primeiro titulo conquistado fora do país por qualquer equipe brasileira, incluindo a Seleção.

Cafezinho "batizado" e pó-de-mico

Em 1948, o Vasco teve a chance de conquistar o bicampeonato carioca, mas perdeu a final para o Botafogo em General Severiano, quando, segundo historia apregoada pelos jogadores cruzmaltinos, antes do jogo um servente do Botafogo veio cordialmente ao vestiario do Vasco oferecer cafezinho. O cafe' teria sido "batizado" com algum sonifero, ja' que a maioria dos jogadores do Vasco alega ter sentido uma terrivel sonolencia durante todo o primeiro tempo... Entao, antes do intervalo, alguem disfarcadamente penetrou no vestiario do Vasco e espalhou po'-de-mico. Durante o segundo tempo, os jogadores nao sabiam se dominavam a bola ou se se cocavam, e no final foi 3 a 1 para o Botafogo, mesmo tendo este jogado sem o zagueiro Gerson, contundido (nao eram permitidas substuicoes), desde o inicio do segundo tempo.



Jogos marcantes da temporada de 1949

A sensação em Sao Januario em 1949 foi a presenca do inconfundivel Heleno de Freitas no comando do ataque, que bateu mais um recorde ao marcar 84 gols em 20 jogos do campeonato carioca. Desta vez o Vasco nao deu colher e voltou a ser campeao invicto, a exemplo de 1945 e 47. Um jogo inesquecivel desta temporada aconteceu em Sao Januario contra o Flamengo, que desde aquela decisao de 1944 nao sabia o que era ganhar do Vasco. O Vasco comecou perdendo por 2 a 0 e parecia o fim do tabu, mas no final o placar indicava nada menos do que Vasco 5 a 2. Esta derrota desencadeou uma tremenda crise na Gavea, e, segundo dizem, a camisa do Jair Rosa Pinto foi queimada pela torcida rubronegra, desesperada por mais uma derrota para o Vasco. O Flamengo somente voltaria a derrotar o Vasco em 51, apos a volta de Flavio Costa ao clube.

Causou tambem grande repercussao a vitoria sobre o Arsenal, primeiro time da primeira divisao inglesa a visitar o Brasil. O Arsenal, que era considerado um dos times mais poderosos do Reino Unido, chegou botando banca, venceu duas partidas em Sao Paulo e, em sua primeira partida no Rio, venceu um combinado Fluminense-Botafogo. Coube ao Vasco mostrar aos ingleses o que o futebol brasileiro tinha de melhor, derrotando-os por 1 a 0, gol do ponta-direita Nestor.

A base da selecao vice-campeã mundial de 1950

Na Copa de 50, disputada no Brasil, a selecao brasileira era tida como a melhor do mundo. Por motivos que a gente (ou ninguem) sabe, acabou deixando o titulo escapar em pleno Maracana, para o Uruguai. Mas ninguem nega a qualidade daquele time, que contava com seis jogadores do Vasco na sua habitual formacao titular - Barbosa, Augusto, Danilo, Maneca, Ademir (artilheiro da Copa) e Chico - e dois entre os reservas - Eli e Alfredo. Mais dois do elenco, Friaca e Jair, eram ex-jogadores do Expresso da Vitoria. O ponta vascaino Tesourinha havia sido cortado as vesperas da Copa por contusao, e o atacante Ipojucan estava pre-selecionado, mas acabou sobrando quando o tecnico Flavio Costa, tambem do Vasco, reduziu o grupo para 22 jogadores. Até o massagista Mario Americo era do Vasco.

Menos de um ano apos a tragedia da Copa de 1950, o Vasco realizou uma excursao ao Uruguai, deu de 3 a 0 no Penarol - a base da selecao uruguaia campea do mundo - e, no Rio, ganhou de 2 a 0 tanto do Penarol como do Nacional - que completava aquela selecao - lavando a alma dos brasileiros.

O primeiro campeonato do Maracana

Assim que foi encerrada a Copa de 1950, teve inicio o primeiro campeonato carioca da era do Maracana. O Vasco perdeu seus tres primeiros classicos, mas recuperou-se e nao sofreu mais nem um empate sequer. A equipe chegou a ultima rodada com um ponto de vantagem sobre o America e o derrotou por 2 a 1, com dois gols de Ademir, sagrando-se bicampeao carioca.

O ultimo titulo do Expresso da Vitoria

Em 1952, o Vasco, que atingira seu ponto tecnico mais alto dois anos antes, partiu para novas mudancas, nao sem antes ter o seu canto do cisne, ao conquistar por antecipacao o campeonato carioca. Apesar de desacreditado pela imprensa, que considerava o Expresso um time "velho", o Vasco se sagrou campeao na penultima rodada, ao vencer o Bangu por 2 a 1. Apos o ultimo jogo, em Sao Januario contra o Olaria, o tecnico Gentil Cardoso, ao ser carregado nos ombros em triunfo pela torcida, nao perdeu a oportunidade de dar mais uma de suas famosas tiradas, declarando: "Eu estou com as massas, e as massas derrubam ate' governo". Foi demitido no dia seguinte. Porem era chegada a hora de substituir glorias antigas por jovens promessas.

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